O combate à epidemia provocada pelo novo coronavírus coloca o Brasil diante de escolhas difíceis e complexas. A necessidade de frear a aceleração do contágio tem de vir acompanhada de ações que garantam a preservação do emprego e da renda, neste momento de redução da atividade econômica. É importante que o País continue produzindo sem comprometer a saúde dos seus trabalhadores.
Nesse sentido, a Presidência da Republica publicou o Decreto 10.282/2020, com o objetivo de identificar e classificar os serviços e segmentos produtivos essenciais para que o País siga operando com um mínimo de efetividade, para garantir à população padrões indispensáveis de saúde, segurança e sobrevivência.
Dentro dessa visão, a indústria brasileira do alumínio se insere entre os segmentos produtivos vitais para enfrentar a crise sanitária e econômica que nos desafia, e que estão amparados pelo decreto presidencial. No entanto, é essencial que os governos federal, estaduais e municipais, além dos órgãos de controle, reconheçam essa condição, a fim de que operemos com a necessária segurança jurídica e que, ao lado de todos os brasileiros, ajudemos o País a vencer a pandemia provocada pelo coronavírus/Covid-19.
A seguir, listamos produtos, atividades e segmentos que utilizam alumínio e que são estratégicos no enfrentamento da realidade atual:
Tratamento de Água
Insumos médico-hospitalares e embalagens de medicamentos
Embalagem de alimentos e bebidas
Eletrônicos e equipamentos de comunicação
Transmissão e distribuição de energia
Materiais de construção
Bens de consumo e duráveis
Transporte
Características industriais de operação nas diferentes fases da cadeia do alumínio
Ao afirmarmos que os produtos de alumínio são essenciais para a economia, enfatizamos também as peculiaridades da cadeia de produção. Ela cumpre diversas etapas de operação que funcionam ininterruptamente e que necessitam de controle e monitoramento constantes, a fim de garantir a qualidade e segurança do processo.
Mineração da bauxita
Várias etapas da lavra de bauxita são ininterruptas, desde a geração de energia por usina própria, que abastece equipamentos de lavagem do minério, passando pelo monitoramento das barragens de rejeitos e englobando as rotinas de manutenção permanente dos equipamentos. A interrupção de qualquer dessas ações compromete a segurança e confiabilidade do processo.
Produção de alumina (refino)
As plantas cumprem turnos ininterruptos em todas as etapas de refino, no sistema de revezamento 6 x 4 (seis dias de trabalho por quatro dias de folga). Também é necessário o monitoramento diuturno dos depósitos de resíduos sólidos e dos sistemas de tratamentos de água e de efluentes industriais. Para prevenção de emergências é necessário um reforço de mão de obra para alguns sistemas mais críticos. E o tempo de resposta ao problema não pode ultrapassar 2 horas, sob pena de danos irreversíveis ou de longo tempo de recuperação: precipitadores de hidrato, por exemplo, podem demorar até um ano para retomar a operação.
Produção de alumínio primário (redução)
O processo exige intervenções operacionais intensas, periódicas e instantâneas, a fim de garantir a eficiência e também a continuidade do processo. As rotinas operacionais são necessárias ao equilíbrio térmico e a sua operacionalidade. Os desligamentos não planejados são tratados como emergência e quanto mais rápido o restabelecimento da energia, mais rápida é a recuperação do processo.
Transformação do alumínio
Durante a laminação, a temperatura dos fornos de aquecimento e/ou espera deve ser mantida constante, para viabilizar a etapa seguinte de transformação. Devido às altas temperaturas de operação, o uso dos fornos é contínuo, a fim de evitar variações na temperatura de trabalho, o que danificaria seriamente os equipamentos. A operação também é contínua no processo de extrusão e nos sistemas de pintura ou anodização.
Reciclagem
Os fornos de refusão e reciclagem de alumínio operam com metal líquido em altas temperaturas, exigindo operação ininterrupta. A eventual solidificação do metal impossibilita a continuidade do uso do forno, exigindo procedimentos de alto custo para sua recuperação. Uma das etapas mais críticas do processo é a garantia da manutenção da temperatura nos fornos, preservando a produtividade do processo e a economia de recursos. Uma repartida total, gerada por uma parada longa, gera perdas pesadas, além de riscos à segurança.
Também cabe destacar que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), ressalta que as atividades das cooperativas e associações de catadores são consideradas funções de utilidade pública e de relevante interesse ambiental no sistema de coleta seletiva e no processo de reciclagem.
Desta forma, para a efetividade da economia circular, é necessário que as empresas de reciclagem de alumínio mantenham as operações, a fim de não interromper os trabalhos da cadeia de coleta, que já apresenta sinais de redução da separação dos materiais recicláveis, sendo misturados aos resíduos orgânicos e rejeitos.
A indústria do alumínio não pode parar
Diante do exposto, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), em nome dos mais de 400 mil trabalhadores que atuam direta e indiretamente em nossa indústria, solicita aos Governos, nas esferas federal, estadual e municipal, às federações e aos demais entes, que reconheçam a essencialidade da nossa produção para o momento grave que o País atravessa, e que mantenham em funcionamento regular as empresas da cadeia do alumínio – desde a mineração da bauxita, seu refino e transformação em alumínio, bem como o seu processo reciclagem.
Inclusive é importante lembrar que são nas plantas industriais de reciclagem onde milhares de catadores entregarão o produto da coleta para o sustento cotidiano.
ABAL – Associação Brasileira do Alumínio