ABAL na Mídia: fabricantes de alumínio tentam barrar onda chinesa – Associação Brasileira do Alumínio – ABAL
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ABAL na Mídia: fabricantes de alumínio tentam barrar onda chinesa

18 de maio de 2020

 

A indústria de produtos manufaturados e semi-transformados de alumínio do país vê com muita preocupação o avanço da China sobre o mercado brasileiro. Estudo realizado pela FGV, a pedido da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e finalizado em janeiro, traça um retrato da situação do setor.

No total, o Brasil importa 300 mil toneladas desses produtos. Na última década, houve avanço forte do material estrangeiro. De 2017 para cá, materiais oriundos da China ampliaram sua fatia no bolo ao deslocar concorrentes – na média, nesse período, mais do que dobrou, para além de 40%. Mas, em alguns casos, a entrada do material chinês é arrasadora. Em folhas para uso doméstico atinge 90% do total importado.

“Atualmente, de cada 10 rolos de papel em alumínio expostos nas gôndolas dos supermercados, nove são chineses. E desses nove, ao menos seis estão fora do padrão mínimo de espessura exigido pelas normas da ABNT, que é de 0.0105 milimetro”, afirma Milton Rego, presidente-executivo da ABAL. Com a perda de competitividade frente aos importados, o Brasil já não fabrica mais folha de alumínio, diz o executivo.

Os produtos que mais têm entrado no país são bobinas, chapas, folhas e perfis de alumínio. De 9%, a China hoje responde por 57% da produção mundial de semi-manufaturados e transformados de alumínio. O país leva matéria-prima (alumina, de menor valor agregado), faz o metal e o transforma em produtos (de alto valor agregado), que são exportados para o Brasil e para onde der.

O Brasil passou a ser importador líquido de alumínio primário desde 2014. E caminha para ser também de produtos finais. Sem uma política industrial para este e outros segmentos industriais, diz o dirigente, o país vai se transformar num exportador  de bens primários – minério e grãos.

Entre os fatores que favorecem os chineses, aponta o estudo da FGV, está o desvio de comércio. A China concede incentivos e subsídios cruzados que tornam seus produtos imbatíveis numa relação de competição normal. Não à toa, o país é o campeão de ações comerciais antidumping em vários mercados: Estados Unidos, Europa, México, Índia e Japão.

Como há um excesso de oferta mundial, fruto de aumento constante de produção chinesa, à medida que portas vão se fechando, avançam sobre outros mercados. O Brasil – décimo maior consumidor de alumínio do mundo – é um dos alvos dos chineses.

A ABAL entrou com pedido de ação anti-dumping, mas não ganhou. Argumento: não conseguiu comprovar o dano e a causalidade e origem (China) do problema. Segundo Rego, as autoridades brasileiras ligadas ao comércio exterior, à frente a Secex, não têm acatado ações de defesa comercial, como outras nações.

E o que alegam os burocratas brasileiros da Secretaria de Comércio Exterior?

“São todos muito atenciosos, mas afirmam que em primeiro lugar está o interesse público e que é preciso liberalizar a economia nacional para o Brasil ser uma grande nação”, afirma Rego. “Não estão preocupados com fechamento de fábricas e perda de empregos”, acrescenta.

Para o executivo, o Brasil ainda está jogando um tipo de jogo, dos anos 1980, que o mundo já não joga mais”. Os EUA, ao contrário, agem com medidas pela segurança de seu mercado. Um exemplo é a Seção 232, impondo sobretaxas e cotas às importações de vários produtos, como alumínio e aço, tendo a China como principal alvo.

A tarifa média de importação no Brasil, explica o executivo, é de 9%, parecida com a dos países em desenvolvimento, mas a efetiva fica de 2,5% a 5%.

“A principal questão são os atalhos tarifários ou benefícios fiscais na ‘guerra dos portos’ que ocorre no Brasil”, afirma Rego. Com benefícios no pagamento de ICMS concedidos por governos como de Santa Catarina e Espírito Santo, portos desses dois estados concentram entre 75% e 80% da entrada de produtos de alumínio.

“O Brasil precisa adotar uma nova realidade para a indústria – um ambiente que incentive investimento e que a insira no comércio internacional”, afirma. Mas, segundo o dirigente da ABAL, o que se percebe em Brasília é que política industrial virou palavrão. “O mantra na Secex é liberalização”.

Para a FGV, “a política comercial brasileira para o setor tornou-se, em termos relativos, muito mais liberal e muito menos defensiva. Destaca que a lógica da oferta chinesa não se pauta pelos mecanismos tradicionais de mercado. Está submetida aos objetivos estratégicos do governo local, tanto para o mercado interno quanto da inserção no mercado internacional.