CBA vai investir R$ 4 bilhões até 2025 em produção e exploração de bauxita
Valor Econômico – 19/08/2021
Depois de apresentar resultados históricos, com alta de 1.900% no lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) para R$ 363 milhões e fechar com alavancagem de 2,36 vezes, no segundo trimestre, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) já tem preparado investimentos para os próximos cinco anos. A empresa vai investir R$ 4 bilhões até 2025 em aumento de capacidade de produção de alumínio e na exploração de bauxita.
O presidente da companhia, Ricardo Carvalho, disse ao Valor que os recursos serão divididos, em 50%, para cada iniciativa. O projeto de produção de bauxita, chamado de “Projeto Bauxita Rondon”, em Rondon do Pará (PA) ainda carece de um parceiro investidor ou de contratos de longo prazo para sair do papel.
“Já temos todas as licenças prévias concedidas, as reservas auditadas e agora estamos na fase de viabilização do projeto. Estamos conversando com possíveis investidores. A ideia é ter uma definição sobre esse projeto de produção de bauxita até o fim do próximo ano”, afirmou Carvalho.
Segundo ele, os grandes consumidores de bauxita são China e países do Oriente Médio. Com a capacidade prevista para a extração no projeto, de até 18 milhões de toneladas por ano, poderia atender esses mercados e seria o concorrente direto dos produtores de Guiné, na África, hoje o maior exportador de bauxita. Segundo dados da Associação Brasileira de Alumínio (ABAL), em 2019, a produção de bauxita foi de 31,93 milhões de toneladas no Brasil. Desse volume, a CBA extraiu 2,11 milhões de toneladas naquele ano.
“A expectativa é, na primeira fase do projeto, produzir 4,5 milhões de toneladas por ano e podemos aumentar a produção em módulos de 4,5 milhões de toneladas, até chegar a capacidade de 18 milhões anuais”, disse.
Carvalho acrescentou que os investimentos previstos, de R$ 2 bilhões, são para todo o projeto de bauxita e considera o desenvolvimento de mina e a parte logística.
“Já estamos conversando com a VLI, que administra a Estrada de Ferro Carajás, para o escoamento da produção na ferrovia. Vamos construir também um terminal no Porto de Itaqui (MA) para a exportação da bauxita. Isso tudo está em análise”, disse.
A produção de bauxita foi a segunda alternativa para o Norte do país. O primeiro projeto era para alumina, mas, segundo Carvalho, não houve interessados na proposta para colocar a produção “na rua”.
“Fizemos um ‘road show’ com o projeto e não despertou interesse. Em contrapartida, a produção de bauxita, sim. Os chineses, os maiores consumidores, preferem fazer as próprias refinarias e a sua alumina. Mudamos o projeto para bauxita e ai começamos a ter alguns interessados”, disse Carvalho.
Outra frente da CBA é o crescimento “orgânico” da companhia na produção de alumínio. Para isso, a companhia vai investir outros R$ 2 bilhões na produção de alumínio primário e na reciclagem. O plano de produção de alumínio primário representa o retorno de capacidade do insumo no país. Em 2014, por causa da alta do custo com energia, muitas produtoras a fecharem usinas em todo país.
A CBA, segundo Carvalho, vai religar as salas fornos 1 e 3 da unidade na cidade de Alumínio, no interior de São Paulo. Hoje, a companhia tem uma capacidade instalada de 350 mil toneladas por ano e o retorno dos equipamentos devem adicionar mais 80 mil toneladas à empresa.
“Somos um dos importadores de alumínio primário no país atualmente. Com essa expansão, vamos substituir essas compras externas. O nosso foco é o mercado interno, não devemos exportar a nossa produção.”
Esse aumento de capacidade deve ocorrer até 2025, segundo Carvalho, mas será de forma escalonada. O executivo ressaltou que a sala de fornos 3 deve retornar a operação ao fim de 2022. Para voltar a produzir alumínio primário, a CBA deve investir na geração de energia renovável. Hoje, a companhia consome 1,4 gigawatt e gera 700 megawatt. A ideia é aumentar a geração de energia limpa para suportar o crescimento de capacidade. A CBA tem projeto de energia solar em Goiás já programado.
“Temos ainda o projeto de aumentar a reciclagem em nossa produção de tarugos. Hoje, no país, 30% da produção de alumínio vem da sucata. A Metalex, nossa usina de Araçariguama (SP), já usa mais de 60% de sucata para fazer o tarugo. Temos um projeto de uma nova linha para processar o material de mercado e tirar as impurezas. A meta é ter mais de 80% da produção por meio de sucata.”
Com esse projeto de reciclagem, a CBA poderá aumentar a capacidade instalada de produção em 50 mil toneladas por ano. O executivo ressaltou que, ao fim de 2025, a companhia será capaz de produzir, entre alumínio primário e sucata, 580 mil toneladas de alumínio por ano, o que representa alta de 130 mil toneladas anuais.