ABAL na Mídia: seca dificulta entrada do Brasil em rali global do alumínio
(Bloomberg) — Mesmo com os preços do alumínio em alta, a prolongada crise hídrica no Brasil dificulta a retomada de investimentos em nível suficiente para que o país volte a ser um grande exportador do metal.
Os preços da energia precisariam cair, acompanhados de um cenário menos incerto para a geração de eletricidade antes que o Brasil possa começar a recuperar sua posição no mercado global de alumínio, disse Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL). A eletricidade representa mais de 70% do custo de produção do metal refinado no país.
“O preço é um elemento importante e está favorável, mas não é o único. A questão do custo da energia ainda precisa ser endereçada no Brasil”, disse a presidente da ABAL em entrevista na segunda-feira. “Não sei se poderíamos voltar a ser exportadores, mas pelo menos autossuficientes”, disse, sem dar um prazo. O Brasil é importador líquido de alumínio desde 2014.
No passado, produtores de alumínio investiram bilhões de dólares no País, rico em bauxita, para aproveitar a energia hidrelétrica, antes barata e abundante, tornando o país o sexto maior produtor de alumínio primário do mundo. Com as várias crises de energia, fábricas foram desativadas e o Brasil caiu para o 15º lugar no ranking de produção.
Agora, a pior seca em quase um século piora as perspectivas para o abastecimento de energia no país. Os custos da energia para a indústria brasileira de alumínio triplicaram entre 2001 e 2019, segundo a ABAL.
Donas diz que o cenário hoje difere daquele da crise energética de 2001. A indústria investiu em autogeração e têm planos de contingência, mas a falta de previsibilidade preocupa.
“Uma interrupção não planejada no suprimento de energia de um forno pode ter um efeito às vezes irreparável na produção”, disse.
O setor ainda analisa a possibilidade de adesão ao programa de Redução Voluntária de Energia Elétrica (RVD) da indústria apresentado pelo governo.