ABAL na Mídia: indústria de alumínio tem desempenho recorde no semestre, mas crise hídrica preocupa – Associação Brasileira do Alumínio – ABAL
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ABAL na Mídia: indústria de alumínio tem desempenho recorde no semestre, mas crise hídrica preocupa

20 de setembro de 2021

 

Por Wagner Gomes – Estadão

São Paulo, 17/09/2021 – A indústria do alumínio fechou o primeiro semestre com resultados recordes, mas a possibilidade de um novo apagão de energia pode comprometer os números e a competitividade do setor. Em entrevista ao Broadcast, a presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), Janaina Donas, diz que como medida de segurança para um possível racionamento, as empresas investiram na autogeração e na diversificação da matriz energética. No entanto, o cenário hidrológico preocupa, principalmente porque o custo de energia na produção triplicou desde a crise de 2001.

“Houve um aumento escalonado do custo de energia na produção. Em 2001, a energia representava 27% do custo de produção. Hoje são 72%. Algumas empresas investiram em autogeração e ficaram um pouco menos dependentes. Mas é um elemento de preocupação quando há perspectiva de uma crise hidrológica que vai afetar o mercado de energia, não só com relação a oferta mas também o preço”, afirma.

O custo médio da energia elétrica para a indústria do alumínio no País subiu 220%, entre 2001 e 2019, em dólar por Mwh, segundo a ABAL. De acordo com a entidade, o Brasil tem a energia elétrica para fins industriais mais cara entre todos os grandes produtores de alumínio no mundo, o que vem paulatinamente comprometendo a competitividade do setor.

Janaina diz que o cenário atual é bem diferente de 2001, quando houve o racionamento, já que a indústria investiu em autogeração e em planos de contingência, mas a falta de uma previsibilidade preocupa. Ela lembra que no passado fornos que foram desligados não voltaram mais a funcionar e prejudicaram o crescimento da produção.

“Até 2014 éramos auto suficientes na produção. Já chegamos a produzir 1,688 milhão de toneladas em 2008, no ápice. Em 2020, a produção no Brasil chegou a 910 mil toneladas. Há, portanto, redução de 778 mil toneladas. Existe possibilidade de retomada, mas não nesse volume. Talvez, 450 mil toneladas. Tudo isso porque fornos foram desligados e não voltaram mais”, comenta.

Consumo

Depois de uma queda de 4,2% no consumo no ano passado, com o início da pandemia, o setor vem se recuperando, mas o crescimento no segundo semestre de 2021 deve ser menor do que o registrado nos primeiros seis meses deste ano. No primeiro semestre deste ano, o consumo doméstico de produtos transformados de alumínio chegou a 805,0 mil toneladas, crescimento de 25,2% na comparação com igual período de 2020. Representando 88% desse total, o volume de origem nacional foi de 706,6 mil toneladas – acréscimo de 25,4% – e as importações acompanharam essa tendência e registraram crescimento de 23,9% no período.

“O bom desempenho deve continuar no segundo semestre, mas em um patamar menor. O ano deve fechar com crescimento total de 15,2%”, afirma.

Em termos do consumo pelos principais segmentos de mercado, Embalagens, com volume de 331,2 mil toneladas, representando mais de 40% do total, indicou crescimento de 25,5% no primeiro semestre de 2021 contra igual período de 2020. O resultado foi impulsionado principalmente pelo bom desempenho das latas de alumínio para bebidas que, nesse período, registraram aumento de 22,6% nas vendas, segundo divulgado recentemente pela Abralatas.

“Laminados cresceu muito, mais de dois dígitos, com a participação do segmento de embalagens. Foi um setor que sofreu impacto no início da crise, mas a mudança de hábito no consumo favoreceu bastante com o aumento do delivery e o uso de aplicativos de compra. Tem também o consumo de bebidas, consumo de cervejas (principalmente latas)”, explica.

Janaina explica que extrudado, setor que está relacionado ao desempenho da construção civil, também apresentou bons resultados, puxado por questões relativas a redução do juros ao consumidor (aumento da oferta para aquisição de imóvel) e também pela influência da pandemia, com o aumento consistente de reformas residenciais. Neste caso específico, o aumento foi de 38,7%.

“A tendência é de alta na construção, porque além dos investimentos reprimidos em infraestrutura, tem o aumento no consumo doméstico com as pessoas fazendo as suas reformas e mudando de imóvel”, afirma.

O segmento de fundidos, relacionado ao setor de transportes, que foi um dos mais impactados pela crise, também se recuperou no semestre, ainda que as perspectivas de crescimento da produção de veículos no País sejam menores para este ano. A presidente da ABAL explica que o alumínio está alinhado com a proposta de eficiência energética e redução de peso do veículo, o que significa que mesmo diante de uma queda na produção a expectativa de venda para a indústria automotiva permanece.

Alumínio também trabalha com sucata e com processo de reutilização de metal. A reciclagem na indústria de alumínio é grande. Em 2019, do total de alumínio consumido no país, 54% veio de sucata recuperada. A média mundial foi de 28,5%. Outro dado importante é que a produção de alumínio secundário, ou seja, oriundo da reciclagem, gasta 5% da energia consumida na produção do alumínio primário, aquele obtido pela transformação da bauxita.