ABAL na Mídia: preço do alumínio pode subir mais com produção menor na China e conflito na Rússia
Por Wagner Gomes – Estadão
Os preços do alumínio devem se manter altos em 2022 com a limitação da produção na China e, mais recentemente, com a possibilidade da Rússia, segundo maior produtor mundial do metal, entrar em guerra contra a Ucrânia. O alumínio spot (cash), que no começo de agosto do ano passado estava cotado a US$ 2,635 mil por tonelada na London Metal Exchange (LME, a bolsa de metais de Londres), chegou em 1º de fevereiro deste ano em US$ 3,072 mil, uma valorização de 16,58% em seis meses.
“Estamos falando de um mercado muito volátil. Os preços se movimentam em função da oferta e até mesmo da logística para entrega do produto. Mas a expectativa é de preços ainda maiores. As cotações de alumínio, que apresentavam alta significativa, principalmente em função do comportamento do mercado chinês, podem subir com o conflito entre Rússia e Ucrânia”, diz Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL).
Maior produtor mundial de alumínio primário, a China tem reduzido a sua capacidade de fabricação por pressões internacionais para o cumprimento das metas de redução de emissões de gases – grande parte da sua produção vem de usinas a carvão, uma fonte mais poluente. No caso da Rússia, o eminente conflito com a Ucrânia pode levar o país, que é o segundo maior produtor de alumínio do mundo, a interromper as exportações.
“Tanto pelas questões ambientais ou pela natureza géo-política há pressão sobre os preços. Estamos na maior alta de preço do metal desde 2008”, diz Janaina.
Em relatório divulgado recentemente, o BTG Pactual diz que os elevados preços do alumínio podem ser sustentados no futuro. No documento, os analistas Leonardo Correa, Caio Greiner e Bruno Lima informam que “continuam a ver a indústria de alumínio entrando em déficit, principalmente derivado de uma equação desafiadora do lado da oferta na China e da melhora da demanda”. Isso tudo depois da alta dos preços no ano passado por conta dos custos com energia, que, segundo Janaina, continuam sendo um gargalo para o setor.
No ano passado, a aceleração dos preços ocorreu também conforme os valores do carvão e da alumina aumentavam na China, já que o carvão é responsável por cerca de 40% dos custos totais de produção de alumínio por lá. Além disso, houve as interrupções no fornecimento de alumina no Brasil e na Jamaica, além da contínua incerteza sobre as exportações de bauxita da Guiné.