Pelo resgate da competitividade da indústria
Por: Tito Martins - Presidente do Conselho Diretor da ABAL
Os eventos internacionais realizados pela ABAL no início de abril trouxeram luz a temas valiosos para a indústria brasileira do alumínio. Muito se falou sobre inovação, processos, competitividade e oportunidades de mercado – as quais são muitas, tomando como base o crescimento de 5% do consumo doméstico de produtos de alumínio alcançado em 2013, índice que se deve repetir este ano, principalmente em função do consumo de latas.
Mas, se o cenário que se projeta é de grandes oportunidades de mercado, são grandes também os desafios para assegurar que o aumento desse consumo interno seja atendido por empresas aqui instaladas. Com a constante redução da produção de alumínio primário nacional, que perdeu sua rentabilidade em razão de uma perversa combinação de custos crescentes, superprodução mundial e consequentes preços deprimidos, a sua importação tornou-se inevitável.
Por outro lado precisamos, veementemente, buscar proteção para os nossos produtos transformados, solicitando, mais uma vez, o aumento das tarifas de importação. Além de afetar mais pesadamente o nosso balanço comercial, por causa do maior valor agregado, as importações de produtos transformados resultam na perda de postos de trabalho e de tudo o que já foi investido, inclusive na reciclagem, porque deixamos de gerar sucata industrial.
Nossos estudos indicam que para cada milhão de reais gastos na importação de semimanufaturados e manufaturados de alumínio, em substituição a um produto de fabricação nacional, pode levar à redução ou inibir a criação de 8,4 postos de trabalho diretos e indiretos no Brasil. Temos no horizonte outro desafio que espero não se concretize: um potencial racionamento de energia que fatalmente será mais pesado sobre a indústria. Qual o impacto no nosso mercado? Vai depender da sua profundidade e da sua duração.
Sabemos que a indústria, como um todo, vive problemas críticos de competitividade, em razão da alta carga tributária, infraestrutura de transporte deficiente, mão de obra onerosa, entre outros fatores que impactam nos custos de produção. Para a indústria primária do alumínio, em adição a esses custos, o preço da energia elétrica continua sendo o principal item de desestimulo à produção.
Há tempos a indústria do alumínio vem sofrendo essa pressão dos custos de produção, a perda de sua competitividade e a ameaça crescente dos produtos importados. O alto preço da energia elétrica combinado com as cotações internacionais do metal, não deixa ao setor nenhuma alternativa senão a de reduzir sua produção de metal primário. Hoje a nossa capacidade ociosa é da ordem de 500 mil toneladas, que estarão esperando dias melhores para voltarem à atividade.
Mas, não podemos esmorecer. Estamos mais uma vez em ano eleitoral. E a ABAL está preparando uma nova Proposta de Política Industrial para ser levada aos candidatos à presidência da República e seus assessores. É a nossa contribuição positiva para melhorar o equilíbrio do balanço de pagamentos, manter os empregos e promover a geração de novos postos de trabalho e de riquezas para o Brasil.
Se adotadas, as medidas resgatarão a competitividade do setor e irão assegurar o avanço balanceado de toda cadeia produtiva, recuperando a capacidade ociosa de produção primária e mantendo o que já foi investido na etapa de transformação, de forma que, o esperado crescimento do mercado doméstico seja atendido pela indústria brasileira de alumínio.