Indústria brasileira do alumínio apresenta cases para descarbonização durante a COP27 – Associação Brasileira do Alumínio – ABAL
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Indústria brasileira do alumínio apresenta cases para descarbonização durante a COP27

11 de novembro de 2022

 

A indústria brasileira do alumínio tem investido em diversas iniciativas para garantir a redução das emissões diretas e indiretas de carbono e promover a circularidade de materiais e uso eficiente de recursos.

Nesta sexta-feira, dia 11 de novembro, a Alcoa, Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Mineração Rio do Norte (MRN) e Novelis apresentaram cases durante a 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27), que está sendo realizada em Sharm El-Sheikh, no Egito.

As apresentações foram realizadas no estúdio montado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília (DF), no Espaço Brasil, com transmissão ao vivo pelo canal do Ministério do Meio Ambiente (MMA) no Youtube, em sintonia com o Pavilhão Brasileiro do evento.

O painel sobre as “Contribuições da indústria do alumínio para uma economia de baixo carbono” foi moderado por Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL).

De acordo com a dirigente, o estudo produzido pela entidade mostra que o setor do alumínio no país já atua com intensidade carbônica inferior à da média global. As emissões do berço ao portão – que considera da extração de bauxita até a fabricação do alumínio – ficam entre 2,75 e 3,5 tCO2e/t, enquanto a média mundial varia de 9,7 a 11,7 tCO2e/t.

Além disso, o Brasil é o único no mundo a ter empresas que atuam em todos os elos da cadeia certificadas pela Aluminium Stewardship Initiative (ASI) segundo os padrões de gestão ambiental, social e de governança corporativa.

“O alumínio é aliado estratégico para o cumprimento dos objetivos de descarbonização de seus principais mercados consumidores, em setores igualmente essenciais para a vida cotidiana e da economia, tais como construção civil, embalagens, transportes e energia, entre outros.”

De acordo com a dirigente da ABAL, não existe uma solução única para resolver os desafios associados às mudanças climáticas.

“Será preciso considerar as diferentes realidades operacionais, as questões associadas às tecnologias, os desafios para ganhos de escala, mas o fundamental é o esforço. O que pavimenta a ação colaborativa é justamente a articulação entre sociedade, indústria e academia. E a indústria do alumínio tem mostrado que é possível aliar desenvolvimento e progresso com sustentabilidade”, ressaltou.

Retomada da redução na Alumar

Durante o painel, Thaiza Bissacot, gerente-regional de Meio Ambiente da Alcoa, falou sobre a retomada da produção de alumínio primário do Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar) – formado pela Alcoa Corporation e a South 32 – interrompida em 2015, em virtude do alto custo das tarifas de energia elétrica.

A medida tem permitido atender a demanda crescente de produtos de alumínio, além da gerar valor para o país e dispor de produtos com baixa intensidade carbônica que contribuem para os esforços nacionais e globais de transição para uma economia de baixo carbono.

Além do investimento de R$ 957 milhões, o religamento da etapa de redução iniciado em abril deste ano tem viabilizado a geração de 2.600 empregos com a retomada da capacidade de 447 mil t/ano de metal produzido a partir de energia proveniente de fontes 100% renováveis.

As emissões indiretas associadas ao consumo de eletricidade representam a maior oportunidade para indústria reduzir sua pegada de carbono. Com a retomada da redução, há a previsão de enquadramento da produção de alumínio primário dentro desse quesito, com emissões de até 4 t CO2/t de produto (considerando escopos 1 e 2 ao longo da cadeia produtiva – mina de bauxita, refinaria de alumina e redução).

Mercado de carbono

Como parte das ações de conservação da biodiversidade, a CBA abordou o Legado Verdes do Cerrado, reserva privada de desenvolvimento sustentável localizada em Niquelândia (GO), com uma área de cerca de 32 mil ha, gerida pelas Reservas Votorantim.

Leandro Faria, gerente geral de Sustentabilidade da CBA, contou que as ações realizadas na região buscam conciliar a conservação do bioma à geração de negócios da nova economia, contribuindo para o desenvolvimento local, geração de renda para comunidades, redução dos efeitos das mudanças climáticas, segurança alimentar, pesquisa e inovação na proteção da biodiversidade, além da disseminação de boas práticas de uso do solo e tecnologias mais sustentáveis.

Nesse sentido, foi desenvolvido o Programa REDD+ Cerrado, o primeiro de certificação de créditos de carbono REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal) no Cerrado brasileiro.

Foram definidos 11,5 mil ha de áreas nativas em que as reservas de carbono foram conservadas e quantificadas, com uma capacidade de emissões médias anuais de 50 mil créditos de carbono.

De acordo com estimativas, a venda dos créditos pode gerar receita de até R$ 25 milhões nos próximos anos. Na primeira emissão, foram gerados 316 mil créditos de carbono, referentes ao período de 2017 a 2021, os quais estão disponíveis para venda por meio de leilão.

“Com metodologia inédita e de reconhecimento internacional, a iniciativa é alavanca para a conservação da floresta em pé, fomento para o mercado de carbono no Brasil e um caminho para a construção de uma consciência colaborativa em prol do desenvolvimento sustentável”, declara Faria.

Conservação Florestal

Há 43 anos no distrito de Porto Trombetas, no oeste do Pará, a Mineração Rio do Norte (MRN) utiliza o método de gestão ambiental que associa o compromisso de restauração de áreas mineradas de bauxita com pesquisas e apoio ao desenvolvimento econômico da região.

Marco Antônio Fernandez, gerente de Licenciamento e Controles Ambientais da MRN, apresentou o Programa Banco de Germoplasma, que está em vigor desde 2013. Por meio dele, a empresa realizou o plantio de espécimes de castanha-do-pará escolhidas em árvores-matrizes e rustificadas para estar aptas às áreas reflorestadas.

No total, 260 árvores-matrizes de 13 castanhais localizados nos estados do Pará, Amazonas, Amapá, Rondônia e Acre serviram como base para a coleta de sementes, dando início à produção de mudas no Viveiro Florestal da empresa de 2014 a 2016.

De 2017 a 2020, mais de 10 mil castanheiras foram plantadas no Platô Almeidas, área de mineração de bauxita encerrada em 2010, situado na Flona Saracá-Taquera.

O projeto mantido pela MRN é o único desse tipo focado na conservação da castanha-do-pará, tendo em vista que o manejo dessa espécie é uma das atividades da bioeconomia que movimentam a renda de milhares de famílias extrativistas da Amazônia.

Modelo circular

No segundo painel, sobre a economia circular e economia de baixo carbono, a Novelis apresentou o case de reciclagem do alumínio.

O processo consome 95% menos energia elétrica, quando comparado à produção do alumínio primário a partir da lavra da bauxita, e reduz em 95% a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Além disso, tem contribuído com a meta da empresa de reduzir 30% da pegada de carbono até 2026 e neutralizá-la até 2050.

De acordo com Eunice Lima, diretora de Relações Governamentais e Comunicação da Novelis, o Brasil apresenta um índice de reciclagem de latas de alumínio acima de 95% há mais de dez anos.

Em 2021, o país alcançou recorde de 98,7% – o que representa 33 bilhões de latas reaproveitadas e 1,9 milhão de t de GEE evitados, sendo a Novelis responsável por 64% desse total.

Nos últimos cinco anos, a companhia direcionou R$ 154 milhões para a linha de reciclagem e abertura e modernização de centros de coleta de latas pós-consumo. Atualmente a Novelis possui o maior complexo de laminação e reciclagem de alumínio em Pindamonhangaba (SP) e 14 centros de coleta de sucata de Norte a Sul do país.

“O investimento direto da indústria em coleta seletiva, o alto valor da sucata, o fomento de pequenos e médios empreendedores e remuneração de todos os elos da cadeia são alguns dos motivos que garantem o sucesso da reciclagem de latas de alumínio. Atualmente, mais de 800 mil famílias vivem da reciclagem de alumínio no Brasil”, disse Eunice.

Outros cases da indústria do alumínio

Além dos cases apresentados no evento, a ABAL enviou para a CNI alguns projetos da multinacional norueguesa Hydro no estado do Pará.

A companhia investiu cerca de R$ 30 milhões para colocar em operação a metodologia Tailing Dry Backfill. Pioneira no país, a tecnologia permite que os rejeitos inertes da mineração de bauxita sejam devolvidos às áreas já abertas e mineradas, ao invés de serem depositados em áreas separadas e permanentes de armazenamento. Assim, proporciona significativa redução da pegada ambiental e mais segurança operacional.

Já o DRS2 (Depósito de Resíduo a Seco) foi concebido para ser combinado à tecnologia Filtro Prensa, o mais moderno sistema para preparação e desaguamento do resíduo de bauxita, instalado na refinaria Alunorte desde 2018, que recebe o resíduo com altíssimo teor de sólidos, diferentemente da prática usual da indústria do alumínio, que adota sistemas de lagos e barragens.

Dessa forma, com o resíduo mais seco, realiza-se o empilhamento por compactação. Os ganhos ambientais são expressivos, uma vez que a área necessária para o armazenamento é cerca de quatro vezes menor para o mesmo volume, comparada com a metodologia úmida.

Na área de conservação ambiental, também foi estabelecido o Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil-Noruega (BRC, na sigla em inglês) em 2013, que mantém um programa de pesquisa conectado às operações de mineração da Hydro para o fortalecimento das estratégias de conservação da fauna e da flora amazônica, além da geração de informações que subsidiem a melhoria dos processos de recuperação florestal das áreas mineradas de bauxita em Paragominas.

Fonte: Portal Revista Alumínio

Imagens: Ministério do Meio Ambiente

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