Parceria CBA e UFV: estudos de fauna do solo auxiliam trabalho de restauração ambiental na Zona da Mata Mineira
Na busca por um desenvolvimento cada vez mais sustentável, a parceria entre a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV) segue dedicada à preservação do meio ambiente e à geração de conhecimentos e tecnologias para a recuperação de áreas mineradas na Zona da Mata Mineira.
Um dos destaques é o estudo da fauna edáfica (ou fauna do solo) como bioindicadora da qualidade do solo em ambientes de lavra de bauxita, com foco na avaliação da qualidade ambiental das áreas, a fim de buscar soluções inovadoras para realizar a reabilitação de forma ainda mais eficiente e sustentável.
A fauna do solo inclui centenas de espécies, incluindo organismos microscópicos, como ácaros, e outros mais visíveis, como minhocas e insetos. O professor Ivo Ribeiro, do Departamento de Solos (DPS-UFV) que coordena o projeto, explica que a avaliação da fauna edáfica é importante devido à ligação aos processos de decomposição e ciclagem de nutrientes, e melhoria da estrutura do solo, essenciais para a manutenção da biodiversidade e produtividade do ecossistema.
“A fauna edáfica é capaz de modificar características físicas, químicas e biológicas do solo, desempenhando um papel-chave nos fatores que podem impulsionar o sucesso da reabilitação ambiental, melhorando atributos como agregação, porosidade, aeração e estrutura do solo. Também favorece a dispersão de sementes e esporos para reprodução de plantas e outros organismos”, afirma.
Biodiversidade
O solo é reconhecido como o ambiente com a maior diversidade de organismos vivos, com mais de 900 mil espécies conhecidas. Essas comunidades são sensíveis aos impactos ocorridos no ambiente e, por isso, são utilizadas como bioindicadores no monitoramento após a lavra de bauxita, considerando a avaliação em termos de abundância, estrutura e diversidade.
A análise está sendo realizada para diferentes usos do solo, em áreas pré e pós-mineração, como mata nativa, plantios de angico (árvore típica da Mata Atlântica), café, eucalipto e consórcio de espécies arbóreas nativas.
Primeiros passos e expectativas
As técnicas de reabilitação ambiental, em parceria com os pesquisadores da UFV, já são adotadas há 13 anos pela CBA. Conduzido pelo Departamento de Solos (DPS) da UFV e pelo setor de Liberação de Áreas e Reabilitação Ambiental (LARA) da empresa, os estudos de fauna edáfica tiveram seu ponto de partida em 2020, com a realização das primeiras coletas.
Nas primeiras amostras, já foi possível observar um bioindicador positivo: a presença de minhocas, sensíveis a distúrbios do ambiente e essenciais para a boa manutenção da qualidade do solo, podendo estar relacionadas a fatores como matéria orgânica do solo e disponibilidade de nutrientes.
O desenvolvimento desse estudo é importante para mostrar o quão efetivo é o processo de reabilitação das áreas, além de auxiliar ações futuras ao avaliar a influência dos insumos e das espécies vegetais utilizadas nos processos de reabilitação.
A expectativa é que o estudo traga perspectivas para uma reabilitação ambiental de forma ainda mais eficiente e sustentável, com resultados próximos aos encontrados em áreas não mineradas. Até o final de 2021, haverá uma nova rodada de coletas e, nos próximos anos, contribuirá como bioindicador em outras áreas de atuação da CBA.