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Indústria de materiais de construção perde competitividade internacional

1 de julho de 2011

Saldo da balança comercial do setor sofre, em quatro anos, reversão de US$ 4,1 bilhões

 

A competitividade externa de materiais e de máquinas e equipamentos para a construção civil apresentou uma rápida deterioração nos últimos quatro anos. A balança comercial do setor saiu de um  saldo positivo de US$ 2,5 bilhões, em 2006, para um déficit de US$ 1,6 bilhão no ano passado, uma reversão de US$ 4,1 bilhões no saldo.

Esses números fazem parte do estudo “Competitividade da indústria de materiais de construção”, recentemente realizado pela Fundação Getúlio Vargas – FGV para a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção – Abramat. 

“O objetivo do estudo foi analisar a evolução do comércio internacional de materiais de construção identificando os produtos que perderam competitividade de forma mais intensa; os países em que a evolução do comércio foi mais desfavorável; os fatores mais decisivos para a deterioração e possíveis saídas para a recuperação da competitividade da indústria de materiais de construção”, explica Melvyn Fox, presidente executivo da Abramat.

Para tanto a FGV analisou a evolução de 16 famílias de materiais e de máquinas e equipamentos, os países de destino dos produtos nacionais e de origem – além de portos de ingresso – dos produtos importados, entre 2000 e 2010.

O estudo identificou uma tendência clara de crescimento expressivo das importações. No período, as entradas de materiais e de máquinas e equipamentos para a construção cresceram  ao ritmo de 15,5% ao ano. Destaque para as famílias de siderurgia, fios e cabos, cimento e cal, produtos cerâmicos e obras pré-fabricadas que apresentaram taxa de crescimento de importações acima de 20% ao ano.

As exportações também cresceram no período, mas num ritmo inferior, de 9,6% ao ano, com destaque para as famílias de metais sanitários e maquinas e equipamentos. Entre 2006 e 2010, nove das 16 famílias estudadas sofreram redução das exportações. As maiores quedas foram produtos de madeira, fios e cabos, cimento e cal, lâmpadas, produtos cerâmicos e vidro.

Segundo a FGV, esse comportamento no comércio exterior de materiais de construção no período deve-se a quatro razões: expressivo aumento da demanda por materiais de construção no país; forte valorização do real; elevação dos custos da indústria nacional, sobretudo com energia, tributos e mão de obra; e – vale destacar – o desaquecimento do mercado mundial, a partir de meados de 2007, que gerou redução de demanda e excedentes de materiais de construção na Europa, Estados Unidos e Ásia.

O relatório, dessa forma, ressalta que os fatores que determinaram a deterioração da competitividade brasileira são externos e sua reversão independe da evolução da economia nacional. No entanto, o estudo aponta um caminho para a recuperação da competitividade, a qual passa pela redução dos custos e pelo aumento da produtividade, por meio de políticas econômicas que levem, por exemplo,  à desoneração da folha de pagamentos e da energia.

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