A melhor escolha para conservar alimentos
Na remoção do alumínio das embalagens quem perde é o consumidor
Basta uma caminhada pelos corredores de um supermercado para ver a quantidade de produtos que o consumidor tem hoje a sua disposição. É uma infinidade de marcas, cores, formatos e finalidades. Ao olhar para o carrinho onde colocamos nossos itens outra revelação: apesar da oferta maior de produtos, eles são menores e raramente estão cheios. Pois é, em tempos de inflação baixa, economia em crescimento e maior mobilidade social os hábitos de compra das pessoas mudaram. Passou-se a comprar em volumes menores, com mais frequência e avidez. Carrinhos cheios de itens para o mês inteiro remetem a um passado de quase 20 anos atrás.
Esse cenário de economia estável, com uma sociedade com mais opções de escolha e maior poder compra, acirrou a concorrência entre produtos nacionais e importados nas gôndolas e prateleiras do comércio. Atentas às margens de lucro e à constante competição entre produtos quase sempre similares, indústrias como a alimentícia, por exemplo, buscam constantemente alternativas para reduzir seus custos. E foi uma decisão embasada em custos que levou à substituição das folhas de alumínio pelo plástico, como o poliéster e o BOPP, nas embalagens de alguns alimentos; os exemplos mais notórios são as barras e bombons de chocolate e os copos de iogurtes e sobremesas lácteas, pois essa mudança não veio para trazer vantagem alguma para o consumidor.
Justifico. As folhas de alumínio embalam produtos líquidos e sólidos desde o início do desenvolvimento da indústria alimentícia, pois suas características sempre atenderam perfeitamente às funções básicas da embalagem que são: proteger o conteúdo, garantindo sua integridade, transportar e armazenar com segurança e propiciar facilidade de uso. O alumínio é um material bastante resistente, inclusive à corrosão e às variações de temperatura, não absorvente e impermeável, atóxico e, o mais importante, é uma barreira intransponível contra luz, gases e umidade, grandes inimigos dos alimentos e que aceleram sua degradação, provocando perda de frescor, crocância, aroma e sabor.
Mesmo com tantas vantagens para a indústria e o consumidor, as folhas de alumínio deixaram de embalar alguns alimentos. Sua remoção se deu principalmente em produtos de menor valor agregado, de elevada concorrência entre similares e de giro rápido nas prateleiras de supermercado. São itens que os próprios fabricantes classificam como commodities.
E onde o alumínio faz a diferença? Nos produtos com maior valor agregado, como tabletes de chocolate Premium ou garrafinhas de iogurte para beber; em tabletes de manteiga e potes de margarina; cafés embalados a vácuo; saches de sucos e sobremesas em pó, pois podem empedrar com a umidade; e em tantos outros produtos que necessitam de um tempo maior de vida no comércio, o que chamamos de shelf life, ou nas residências. As caixinhas longa vida são o melhor exemplo. Essas embalagens só conseguem cumprir sua função de preservar o conteúdo por muitos meses graças ao alumínio presente no seu interior.
A remoção da folha de alumínio nas embalagens causa também impactos ao meio ambiente. Em tempos de política de resíduos sólidos, a ausência de um material com grande valor residual como o alumínio, faz com que a existência de uma indústria de reciclagem para essas embalagens se torne economicamente inviável e seu destino final acabe sendo a incineração. Por outro lado, as embalagens com alumínio favorecem o desenvolvimento de tecnologias que separam os materiais e aumentam os níveis de reciclagem. Há de se lembrar que o Brasil possui há anos uma estrutura consolidada para a reciclagem de alumínio, que além dos benefícios ambientais também promove a inclusão social.
Agora que estamos vivendo em tempos de um novo olhar sobre o planeta, nossos hábitos também devem ser revistos. Para as empresas fica a pergunta: até que ponto se deve priorizar os custos, sem dar a devida importância para a vida útil dos produtos e a destinação adequada das embalagens? E para as pessoas conscientes e cada vez mais preocupadas com a pegada de carbono deixada pelos produtos que consome, fica a informação: por ser infinitamente reciclável, um processo pouco emissor de gases de efeito estufa, o alumínio é um grande aliado do planeta e contribui para a sustentabilidade das embalagens em geral.
Por Fábio Caveiro: coordenador do Grupo Setorial Folhas de Alumínio