ABAL abre 2º Workshop de Bauxita & Alumina da Amazônia
Uma proposta de política industrial foi tema do segundo painel de abertura
A crise na indústria do alumínio e as medidas para recuperação da competividade do setor foram as principais pautas do painel de abertura do 2º Workshop de Bauxita & Alumina da Amazônia, promovido nesta terça-feira (18) pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e pelas empresas Alcoa, Hydro e Votorantim Metais, durante a quarta edição da EXPOSIBRAM Amazônia 2014. Nos últimos anos, o consumo de alumínio vem crescendo e a produção de alumínio primário caindo. Em 2014, pela primeira vez na história recente da indústria do alumínio, o Brasil importou mais que exportou. As importações de produtos de alumínio provenientes da China – responsável pela metade da produção mundial do metal – aumentaram 41,6% entre 2006 e 2013.
Esse panorama da indústria do alumínio foi apresentado pelo presidente executivo da ABAL, Milton Rego. “Para se ter uma ideia dos prejuízos, cada R$ 1 milhão gasto na importação de produtos de alumínio pode levar à redução de 7,6 postos de trabalho no Brasil e perda de R$ 724 mil de receita. Em 2013, isso significou 5.500 empregos, com perda de R$ 663 milhões de receita”, revelou o executivo. No Workshop, a ABAL também lançou, oficialmente, uma proposta de política industrial para o setor de alumínio.
O documento detalha o atual cenário da indústria do alumínio e sugere medidas para reverter o quadro de perda de competitividade e desindustrialização do setor. Entre as soluções apontadas, estão a implementação de política comercial mais agressiva; de política energética voltada ao desenvolvimento industrial; de política de apoio à reciclagem; de medidas para redução dos custos de futuros investimentos; incentivo ao desenvolvimento tecnológico; formação de capital humano e redução de custos trabalhistas; política mineral; política de compras do Estado; além de questões estruturais e regulatórias que afetam toda a indústria.
Milton Rego ressaltou a importância de o Pará tomar a frente da discussão sobre essa política, pois é um dos estados mais importantes para a indústria do alumínio, respondendo por 87% da extração nacional de bauxita, 54% da produção de alumina e 35% do alumínio, além de possuir reservas de bauxitas superiores as da China. “Por isso é fundamental o engajamento do Estado na recuperação dessa competitividade para que se veja o alumínio como fator essencial de desenvolvimento, em especial na geração de empregos. Isso será importante para tornar a cadeia do alumínio mais forte, incorporando inclusive a transformação do metal e assim estimular o desenvolvimento local”, pontuou.
No debate sobre a política proposta pela ABAL, também participaram o presidente executivo da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa; o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), José Maria Mendonça; e o diretor de Assuntos Ambientais do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Rinaldo Mancin. Se todas as medidas forem implementadas, a cadeira produtiva do alumínio poderá receber investimentos adicionais de R$ 21 bilhões até 2025, com arrecadação de R$ 830 milhões por ano e consequente criação de 90 mil novos postos de trabalho.
Pedrosa, da Abrace, considerou de extrema relevância a discussão da política industrial e ressaltou que isso deve ser pauta do setor junto ao governo federal, em especial o que compete à questão de incentivo energético. “Sabemos que dos encargos que incidem hoje sobre o setor e o nosso grande desafio é fazer com que se entenda que baratear a energia para a produção traz melhorias para a sociedade como um todo. A energia barata traz 16 vezes maior impacto sobre o PIB. Cada real a menos, significa R$ 8,50 a mais no PIB“, afirmou.
Palestras
Na sequência da programação, Alcoa, Hydro e Votorantim metais apresentaram palestras abordando suas atuações na região, projetos e investimentos. “Alumina Rondon: valor que vem do nosso lugar”, apresentada pelo gerente-geral de Projetos da Votorantim Metais, Amaury Leone Negrão, e pelo coordenador de Sustentabilidade do projeto Alumina Rondon, Sérgio Oliveira, destacou o maior investimento da empresa no Brasil, que será implantado no município de Rondon do Pará e início de operação previsto para 2019. Trata-se de um projeto integrado com capacidade de produzir 8 milhões de toneladas/ano de bauxita lavada e 3 milhões de toneladas/ano de alumina. O empreendimento prevê a geração de 10 mil empregos diretos e indiretos na fase da obra e 1.800 postos de trabalho na operação.
José Haroldo Chaves, gerente geral de Comunicação e Responsabilidade Social da Hydro, abordou o tema “Para Sempre”, ao enfatizar que a empresa representa a cadeia produtiva do alumínio completa no Pará, com operações de extração de bauxita, em Paragominas, e produção da alumina e alumínio, em Barcarena. Segundo ele, o Pará é o melhor lugar do mundo para se produzir o alumínio devido às condições climáticas e potencial minerário. “Acreditamos no futuro. O preço do alumínio está dando sinais de melhorias e o produto é cada vez mais indispensável no cotidiano. Acreditamos que todos os fatores integrados, com o valor dos insumos ajustados e modalidades favoráveis, vão transformar o Pará no maior produtor do mundo”, disse.
No encerramento do primeiro dia do workshop, o diretor de Energia e Relações Governamentais da Alcoa, Dario Albagli, falou sobre “Alcoa cinco anos em Juruti: um novo jeito de operar na Amazônia”. A unidade da Alcoa em Juruti, localizada no oeste do Pará, foi implantada com base em uma proposta de desenvolvimento local, conhecida como Modelo Juruti Sustentável. São produzidos anualmente 4,4 milhões de toneladas de bauxita – a previsão inicial era de 2,6 milhões. A mão de obra paraense ocupa 82% dos 1.561 empregos diretos e indiretos gerados pelo projeto. As mulheres são responsáveis pelo preenchimento de 16% dos postos de trabalho.