1º Seminário Internacional de Extrusão do Alumínio – Associação Brasileira do Alumínio – ABAL
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1º Seminário Internacional de Extrusão do Alumínio

2 de outubro de 2001

Especialistas debatem a competitividade do setor

Especialistas debatem a competitividade do setor

O Brasil consome, hoje, 140 mil toneladas de produtos extrudados de alumínio, volume nove vezes maior que as 15,5 mil toneladas que eram consumidas em 1970, década em que a ABAL foi criada. Nos últimos 30 anos, o consumo interno de extrudados cresceu a uma taxa média de 8% ao ano, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou crescimento de apenas 4,5% ao ano. Com esta comparação, o presidente da ABAL, João Bosco Silva, abriu o 1º Seminário Internacional de Extrusão do Alumínio, realizado pela ABAL nos dias 7 e 8 de novembro, em São Paulo, por meio de sua Comissão Técnica, seu Grupo Setorial de Extrusão e do Programa de Extrusão de Alumínio (PEA) desenvolvido em conjunto com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT). Durante os dois dias, especialistas do Brasil e do exterior apresentaram a um público de cerca de 120 pessoas, informações atualizadas sobre oportunidades de mercado, de exportação, processos produtivos, aplicações, materiais e acabamentos, com o objetivo de contribuir para a melhoria da competitividade do setor brasileiro de extrusão.

Desempenho é expressivo, mas pode melhorar

Em sua fala, o presidente da ABAL ressaltou que apesar de expressivos os resultados do setor poderiam ser melhores. De acordo com dados da ABAL, o consumo per capita de produtos extrudados de alumínio no Brasil é de apenas 0,8 kg/hab/ano, muito distante da média de países desenvolvidos, como os Estados Unidos (6,0 kg/hab/ano) e o Japão (8,7 kg/hab/ano). Uma situação que pode ser revertida, de acordo com o presidente da ABAL, promovendo-se três questões fundamentais: a desoneração da cadeia produtiva, convergindo para uma isonomia competitiva; o desenvolvimento do mercado por meio de uma ampla divulgação dos produtos de alumínio e investimento em capacitação tecnológica, em qualidade e em recursos humanos. Com relação à tributação, João Bosco lembrou que o setor de extrudados é um dos mais onerados e citou como exemplo o perfil, tributado em 30,7%, e o perfil anodizado, tributado em 41,9%. “Esses impostos, muitos deles incidindo em cascata, acabam afetando a competitividade do setor”, disse, destacando que a ABAL já obteve o diferimento do ICMS na industrialização da sucata e está “trabalhando arduamente na busca da isonomia das alíquotas do IPI dos produtos de alumínio e da isonomia competitiva em relação aos produtos importados”.

Investimentos devem priorizar tecnologia e recursos humanos

Sobre o desenvolvimento do mercado, João Bosco ressaltou ser fundamental “que a harmonia e a competição justa prevaleçam entre as empresas do setor” e destacou a necessidade de investimentos em divulgação e marketing como fatores de estímulo ao crescimento do mercado. Para que o setor brasileiro de extrusão possa alcançar os níveis de consumo iguais aos dos paises desenvolvidos é preciso ainda, segundo João Bosco, priorizar a capacitação em tecnologia, qualidade e recursos humanos, principais gargalos técnicos em processos e materiais apontados pela pesquisa realizada pelo PEA. “A normatização e a certificação dos produtos extrudados e anodizados devem ser intensificadas, com o intuito de entregar ao consumidor produtos de qualidade assegurada, de preservar a imagem dos produtos de alumínio e de incentivar novas aplicações”, observou. “Mais que isso, é necessário motivar e incentivar a formação de mão-de-obra especializada”, completou, observando que o 1º Seminário de Extrusão do Alumínio é a contribuição da ABAL para a atualização de profissionais e estudantes sobre oportunidades de mercado, novos processos produtivos, materiais e acabamentos.

Incentivo aos estudantes

Apesar de ser dirigido aos profissionais do setor, o 1º Seminário Internacional de Extrusão do Alumínio contou com a presença de vários estudantes, especialmente convidados pela ABAL. Com essa iniciativa, a ABAL reforça sua estratégia de incentivar e motivar a formação de futuros profissionais, sobretudo em áreas específicas, como a metalurgia e aplicações do alumínio. Participaram do evento, estudantes do curso de Engenharia Matelúrgica e de Materiais, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e do curso de Metalurgia da Escola Senai, de Osasco (SP), com o qual a ABAL mantém convênio de cooperação técnica.

Perspectivas da indústria brasileira de extrusão

Os trabalhos do 1º Seminário Internacional de Extrusão do Alumínioforam abertos pelo coordenador do Grupo Setorial de Extrusão da ABAL, Felício Bragante, com a palestra “Perspectivas da Indústria Brasileira de Extrusão do Alumínio”. Ao apresentar um cenário atual do setor, ele traçou um quadro preocupante, marcado pela ausência de tecnologia moderna (no caso das prensas), de ferramentaria própria e de capacidade instalada para fabricação de tarugos. Segundo Bragante, das 117 prensas instaladas no Brasil, apenas 18 tem capacidade acima de mil toneladas e, destas, menos de 10 detém equipamentos de última geração. “Apesar do grande número de prensas, poucas tem competitividade, qualidade e capital de giro para investir”, observou. Outra questão é o fato de poucas empresas disporem de ferramentaria própria ou de tecnologia de confecção de matrizes. “Se tivermos um incremento de apenas 5% na produção as duas únicas ferramentarias independentes não darão conta de atender”, afirmou. O mesmo aconteceria com os fornecedores de tarugo, cuja capacidade instalada não agüentaria qualquer acréscimo na demanda, de acordo com o diretor da ABAL. Felício Bragante listou outras dificuldades do setor, como o aumento da incidência dos roubos de carga e a elevada carga tributária, que está provocando transformações sensíveis em toda a cadeia produtiva. “O setor de extrudado que gera mais de 5 mil empregos diretos e mais de 60 mil no down stream não tem, dos governos, o amparo que deveria ter”, afirmou, destacando as distorções das alíquotas de IPI, que beneficia materiais concorrentes. Só para citar um exemplo, enquanto os perfis de alumínio são taxado em 10%, os de ferro/aço pagam apenas 5%. Diante desse quadro, Felício Bragante traçou algumas perspectivas para a indústria brasileira de extrusão. Entre elas, a de que a operação de compra e venda de perfis de alumínio só será possível em pequenos lotes e que os grandes revendedores deverão, necessariamente, modificar seus estatutos sociais, desvinculando o IPI de suas operações. O diretor da ABAL prevê ainda que as empresas de extrusão passarão a ter sua maior atividade no beneficiamento de matéria-prima de terceiros e que a disponibilidade de sucata estará cada vez mais difícil e mais cara. Ele finalizou reiterando a necessidade de se unir esforços na busca de uma Reforma Tributária ideal ou, no mínimo, da isonomia do IPI em relação a materiais concorrentes e produtos importados” e de maior divulgação dos produtos extrudados.

Mercado e ferramentaria também foram debatidos

Durante o 1º Seminário Internacional de Extrusão do Alumínio foram debatidas ainda as “Perspectivas e Dificuldades no Comércio Exterior”, tema apresentado pelo coordenador da Comissão de Comércio Exterior da ABAL, Augusto Amaral. Ele observou que o setor deve buscar a exportação de produtos extrudados de maior valor agregado (acabados e semi acabados) e destacou que tanto empresários quanto o governo devem se mobilizar para enfrentar as várias questões que impedem o aumento das exportações. Outro assunto foi o uso de extrudados de alumínio em estruturas metálicas na construção civil, apresentado pelo engenheiro Nazir Abdo, membro do Comitê de Mercado de Construção Civil da ABAL, que analisou as qualidades de resistência mecânica, as facilidades de acabamento e a capacidade de modulação de algumas ligas estruturais disponíveis para a extrusão. A importância do setor de ferramentaria na indústria de extrusão de alumínio foi defendida por Péricles Pereira, da ASA Alumínio S.A. e membro da Comissão de Estudos de Produtos Extrudados da ABAL. “Do desempenho do ferramental e dos controles do processo resultarão o sucesso da produção de perfis de acordo com o objetivo e a necessidade do cliente”, disse, relacionando os diversos aspectos ligados a engenharia de produto, de processo e de ferramentas, além dos custos de transformação do tarugo em perfis e as novidades tecnológicas (como o uso de computadores no projeto e na modelagem dos perfis). O professor Marcelo Gonçalves, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) mostrou os principais tópicos relativos ao tratamento térmico das ligas da série 6XXX, na palestra ” Tratamento Térmico das Ligas” e apresentou um relato das atividades do PEA desde sua criação, há um ano, até aquelas programadas para 2002.

Palestras e painéis técnicos

O 1º Seminário Internacional de Extrusão de Alumínio discutiu, ainda, os temas: Oportunidades para o Alumínio Extrudado no Setor de Transporte, apresentado por Adilson Molero, da Hydro Alumínio S.A.; Normatização/Certificação de Produtos Extrudados, assunto da palestra de Ayrton Filleti, da Alcan Alumínio do Brasil Ltda. e superintendente do ABNT/CB-35 – Alumínio; Qualidade de Tarugos para Extrusão, palestra proferida por Flávio Santos Corrêa, da Velsul Alumínio S.A.; Anodização e Pintura de Extrudados de Alumínio: Economia de Energia, apresentado por Adeval Meneghesso, da Italtecno e coordenador da Comissão de Estudos de Tratamento de Superfície da ABAL; Aços para Matrizes de Extrusão: Desempenho, com Francisco G. Arieta, da Thyssen Aços Especiais e Nitretação de Ferramentas de Extrusão, apresentado por Tahar Nabil Tarfa, da Nitrex Metal Inc. O evento contou também com o painel Melhoria da Eficiência e Produtividade de Prensas, que teve como palestrante Chris Jowett, da Alcan Canadá. A coletânea do evento será enviada a todos os participantes.

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