A indústria do alumínio e a crise de energia – Associação Brasileira do Alumínio – ABAL
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A indústria do alumínio e a crise de energia

4 de junho de 2001

Brasil convive com a ameaça do racionamento de energia

Há alguns anos, o Brasil convive com a ameaça do racionamento de energia. É lamentável que tal fato continue ocorrendo e mais uma vez a sociedade deverá pagar o ônus do descaso e irresponsabilidade dos que ignoraram os estudos que indicavam o risco de uma crise energética no país. O racionamento é decorrente da falta de planejamento e investimento na geração e transmissão de energia. Desde 1987, quando houve uma grande crise, a indústria de alumínio lançou o alerta: o governo deveria investir e definir regras claras para o empreendimento de alternativas energéticas para evitar que o país ficasse às escuras. As regras claras não vieram. Ao contrário, no bojo da crise brasileira do início dos anos 90, o antigo modelo de investimento estatal do setor elétrico se exauriu e só foi substituído tardiamente por um novo, cuja implantação ainda não se completou. A falta de regras claras distorceu as privatizações do setor de forma adversa à sua expansão e ao interesse do consumidor. Pagamos hoje o preço dos baixos investimentos da primeira metade da década. A sugestão corretiva e de curto prazo dos produtores brasileiros de alumínio é o incentivo à geração termoelétrica a gás natural, que seja economicamente competitiva e ambientalmente correta. É preciso que o governo defina rapidamente as regras sobre o reajuste do gás e o preço da transmissão dos excedentes de energia para assegurar a implantação das termoelétricas que impeçam que o atual racionamento se estenda para 2002 e 2003. A indústria brasileira do alumínio, há anos globalizada, vem fazendo a sua parte ao empregar tecnologia atualizada, que permite que o consumo específico médio de energia elétrica na produção brasileira de alumínio primário seja inferior à média mundial (média Brasil = 14,8 MWh/t de alumínio produzido; média no mundo = 15,2 MWh/t). Isto significa dizer que, em 10 anos, a indústria brasileira de alumínio primário conseguiu uma redução de 7% no consumo específico de energia elétrica, ou seja, economia essa que, considerando a produção atual de 1.250 mil toneladas/ano, equivale ao consumo anual de uma cidade como Jundiaí. Além disso, os produtores de alumínio vêm investindo na autogeração de energia. Hoje, cerca de 13% do consumo é proveniente de geração própria. No Sudeste, este percentual pode chegar a 50% em três anos. O investimento em novas usinas, tais como Machadinho, Barra Grande, Fumaça, Caldeirões, Furquim, Pilar e Piraju, é uma das contribuições da indústria do alumínio para reduzir os riscos de escassez de energia a médio prazo. O montante do investimento até 2005 é da ordem de US$ 1,5 bilhão, o que representa cerca de 3,0% da capacidade de geração instalada de energia elétrica no Brasil. Mesmo assim, ainda há quem diga que a indústria do alumínio é subsidiada pelo governo e, pelo fato de ser eletrointensiva, deve ser focada para resolver a questão de um possível racionamento. Esse discurso é, no mínimo, irresponsável e inconsequente. Para esses, exibimos com orgulho a história de muito trabalho e pioneirismo de uma indústria que atendeu prontamente ao chamado do governo para desenvolver a região Amazônica. Senão, vejamos:  Na década de 60, foram descobertas grandes reservas de bauxita na Amazônia e, em 1970, iniciaram-se os estudos de engenharia do Projeto Trombetas.  Em 1975, o governo brasileiro decidiu construir a usina de Tucuruí para promover o desenvolvimento da região Amazônica por meio da Eletronorte.  Foram feitas tentativas de atrair indústrias para criar mercado consumidor para Tucuruí, até que, em 1979, foi promulgada a Portaria MME 1.654/79, com a política tarifária para a indústria do alumínio na Amazônia.  Nesse período, os custos de Tucuruí eram compatíveis com as tarifas cobradas da Indústria. Com a elevação desmedida dos custos de construção, a geração de Tucuruí ficou em completo descompasso com as tarifas cobradas em todo o país. Atualmente, a usina de Tucuruí está limitada para atender novos mercados por falta de capacidade para transferir parte da disponibilidade energética para o Nordeste/Sul/Sudeste. Urge, portanto, dar prioridade aos investimentos nessa área para maximizar a geração de energia do Tucuruí. Nesse aspecto, a indústria do alumínio é, sem dúvida, um exemplo positivo e não negativo, sendo considerada um consumidor âncora para a referida usina. É preciso ponderar os impactos socioeconômicos de um racionamento. Pois o que se põe em risco, apenas considerando a indústria brasileira do alumínio, são 50 mil empregos diretos, arrecadação de US$ 700 milhões/ano em impostos, além dessa geração anual de US$ 2,2 bilhões (2000) em divisas. O setor está consciente de promover um desenvolvimento sustentável para o país. Assim, a questão de meio ambiente aliada à economia de energia é uma de suas prioridades. Nesse aspecto, a reciclagem é um dos grandes trunfos do setor do alumínio. Com a reciclagem do alumínio, a economia de energia é de 95% em relação à energia utilizada para produzir o metal primário. A indústria de alumínio primário utiliza o equivalente a 5,5% da geração total de energia do país. O setor tem se esforçado para reduzir seus gastos com esse insumo, que representa cerca de 35% dos custos da produção. O esforço aqui é concreto. O Brasil reciclou em 2000 cerca de 35% do consumo doméstico de alumínio, com destaque para reciclagem de latas de cervejas, refrigerantes, sucos e isotônicos consumidos, que alcançou uma taxa de 78% das latas de alumínio que estão disponíveis no mercado. É a segunda maior taxa do mundo. Assim, do permanente trabalho de racionalização do consumo de energia -insumo de vital importância para esta indústria-, do incentivo à reciclagem e dos investimentos de geração própria de energia, o setor está empenhado nas soluções para enfrentar a crise de energia do país.

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