A sucata de alumínio em dois momentos
12º Seminário Internacional de Reciclagem do Alumínio destaca a importância do metal recuperado como insumo e modelo para política ambiental
A sucata de alumínio como importante fonte de matéria-prima para indústria ou motor de uma de logística reversa modelo para as cadeias de reciclagem de outros materiais. Esses foram os temas centrais do 12º Seminário Internacional de Reciclagem do Alumínio, realizado no dia 2 de abril, em paralelo à programação do 6º. Congresso Internacional do Alumínio e da ExpoAlumínio 2014.
Em todo o mundo, o metal recuperado vem assumindo um papel crescente na matriz de suprimento de alumínio. Países grandes consumidores de alumínio conhecem detalhadamente os seus fluxos de sucata e os índices de reciclagem dos vários produtos e processos. Assim, para identificar melhor as formas de suprimento, o Brasil precisa aumentar seu conhecimento sobre o fluxo dessa sucata em seu mercado.
Por essa razão, a ABAL iniciou um estudo para conhecer melhor o mercado de sucata de alumínio, nos principais setores da indústria de transformação que são geradores e/ou consumidores. “Chegamos à conclusão que é importante conhecer o fluxo da sucata para auxiliar no desenvolvimento de políticas de governo e estratégias empresariais, inclusive para identificar necessidade de importação para abastecimento do mercado interno“, afirma Luiz Alberto Lopes, coordenador do Grupo Setorial Secundários da entidade.
Para o vice-presidente da Metal Exchange Corporation, Mike Kelley, a perspectiva mundial é decrescimento da demanda por sucata de alumínio. O executivo acredita, porém, que a sucata de alumínio deve permanecer geograficamente onde é gerada. “É uma proteção à indústria local, para garantir internamente esse suprimento que tende a se tornar ainda mais valioso“, ressalta.
Mike Kelley aposta numa grande transformação do mercado global de sucata, nos próximos dez anos, provocado pela indústria automotiva, que cada vez mais tem optado pelo alumínio em seus veículos.
Resíduos Sólidos
A atividade de reciclagem do alumínio no Brasil sempre foi uma referência para outros setores da economia quando o tema é logística reversa, responsabilidade compartilhada e a participação dos catadores de materiais recicláveis – principais exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Há aspectos da Política que impactam em maior ou menor grau a indústria do alumínio. No caso da responsabilidade compartilhada entre todos os integrantes da cadeia – do produtor da matéria-prima ao consumidor final – a reciclagem da lata de alumínio é exemplar, como índice próximo a 100%, explica Henio De Nicola, representante da Comissão de Reciclagem da ABAL.
Para ele a atuação do poder público, por meio das prefeituras, será benéfica para a reciclagem de embalagens. “Essa participação, que se dará pela coleta seletiva, aumentará o volume de material reciclável que chegará até a indústria“, aposta.
DeNicola também vê como positiva a inserção social dos catadores, reduzindo a informalidade do mercado de sucata e beneficiando a todos da cadeia. “A lei diz que a logística reversa se deve dar, preferencialmente, através das cooperativas, mas apenas 5% do que a indústria processa vêm desse canal“. Segundo ele, com treinamento e equipamentos que permitam a comercialização correta de materiais recicláveis, as cooperativas têm plenas condições de serem fontes de fornecimento de sucata do metal com qualidade, bem como de outros materiais de embalagens.
O Diretor Executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), André Vilhena, encerrou o painel reforçando os pontos defendidos pela ABAL, mas sob o ponto de vista da Coalizão Empresarial – que é coordenada pela entidade.
No último dia 10 de março, a Coalizão formada por 21 entidades representativas da indústria e comércio – entre as quais a ABAL – entregou ao Ministério de Meio Ambiente proposta de texto do Acordo Setorial de Embalagens para atender a citada Política. “Esse acordo com o poder público vem sendo costurado desde 2010 e traz uma série de metas para a primeira fase da lei“, explica Henio De Nicola, da ABAL.
“A grande parte das ações que propusemos já estão em prática e estamos em vias de ter o primeiro relatório preliminar, que mostra o impacto delas na sociedade, o que nos faz acreditar que nossa proposta será aceita pelo Ministério do Meio Ambiente em breve. O texto que apresentamos equacionou necessidades de adaptação de todos os setores envolvidos”, afirmou Vilhena, do usuário da embalagem ao comerciante do produto.