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ABAL na Mídia: no Brasil, religamento de usinas deve aumentar a produção de alumínio

4 de fevereiro de 2022

 

Por Wagner Gomes – Estadão

A expectativa de crescimento da produção de alumínio no Brasil anima o setor, apesar do receio causado pelo aumento de preços da commodity, que ao ser repassado para a cadeia gera redução de vendas, e também a tensão entre Rússia e Urânia. As duas empresas que formam o Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar), a Alcoa e a South 32, já anunciaram a retomada de 100% de sua capacidade de produção de alumínio.

Primeiro foi a Alcoa, que anunciou em setembro do ano passado que iria retomar imediatamente a sua capacidade de produção na Alumar, suspensa desde 2015. A entrega do primeiro lingote de alumínio está prevista para o segundo trimestre de 2022 e a capacidade total de 268 mil toneladas ao ano deverá estar operando no quarto trimestre de 2022.

Agora, no começo de janeiro, a South 32 anunciou que também iria retomar os 40% de sua participação na produção de alumínio na planta. A entrega do primeiro lingote de alumínio está prevista para o segundo trimestre de 2022 e a capacidade total deverá estar operacionalizada até março de 2023. Com o anúncio, a Alumar retoma 100% de sua capacidade de produção, que será de 447 mil toneladas métricas de alumínio por ano (mtpa).

“Temos notícias positivas no Brasil. Um otimismo cauteloso, já que falamos de um mercado sujeito a volatilidade. Enquanto outros países, não apenas China, reduzem a produção (vemos um movimento também na europa de redução da capacidade), no Brasil as empresas fazem um movimento contrário”, diz Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL).

O Brasil já esteve na 5ª posição no ranking global de maior produtor de alumínio primário. O país era capaz não apenas de atender toda a sua demanda nacional como exportar alumínio primário. Mas, desde 2008, segundo Janaina, o Brasil vem perdendo posições e hoje ocupa a 15% posição em alumínio primário.

“O Brasil reúne vantagens competitivas em relação à cadeia global que precisam ser aproveitadas. Isso porque temos a quarta maior reserva de bauxita, somos o quarto maior produtor mundial; em alumina (um óxido de alumínio branco ou incolor) somos o terceiro”, explica.

A presidente da ABAL diz que há um grande esforço de recuperar competitividade.

“Das 778 mil toneladas que deixamos de produzir entre 2008 até agora, estamos recuperando 447 mil. É um movimento muito grande, uma oportunidade”, comenta.

E se tem produção é porque também tem demanda. A média global de consumo per capita de alumínio é de 22,4 quilos, bem maior do que a brasileira, de 6,7 quilos por habitante, ou seja, há espaço para crescimento. E o alumínio é algo estratégico para vários segmentos industriais: construção civil, transporte, eletricidade, embalagens, alimentos.

A demanda acompanha o PIB, claro, mas o consumo tem crescido em proporção maior que o Produto Interno Bruto do País. A previsão da Abal é que 2021 feche com crescimento de 12,2% – os dados estão sendo compilados. O crescimento no primeiro semestre chegou a 21,6%. 2022 é ano de eleições, com um natural nível de incerteza, mas mesmo as projeções mais conservadores indicam crescimento, que deve chegar a 3,3%.

“Houve em 2021 setores que tiveram melhor desempenho. Embalagens e construção civil tiveram crescimento significativo, assim como transporte. Isso explica os investimentos da indústria para atender a demanda”.

Dumping

A ABAL abriu mais uma batalha contra o produto chinês. A Associação anunciou que vai recorrer da decisão da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que encerrou a investigação sobre a existência de dumping nas exportações da China para o Brasil de laminados de alumínio, sem aplicação de medida antidumping. A decisão foi publicada em 28 de janeiro, no Diário Oficial da União (DOU).

“Tínhamos uma expectativa positiva em relação ao caso por entender que reunimos todas as informações técnicas e econômicas para respaldar uma decisão favorável para aplicação do direito. Com efeito, ficou constatada a existência de dumping e dano à indústria local. Mas a conclusão de ausência de nexo causal entre o dumping e dano é bastante questionável. A Associação irá recorrer da decisão”, afirma Janaina.

O processo de investigação foi aberto em julho de 2020 pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) com base em petição apresentada pela ABAL. Para embasar o pedido, foi apresentado um estudo econômico que demonstrava a existência de práticas de dumping e de dano à indústria nacional. Em fevereiro de 2021, em caráter preliminar, a Secex constatou a existência de dumping. Daí a surpresa com o desfechado do processo, uma vez que a própria Secex já havia reconhecido a deterioração dos indicadores da indústria doméstica, segundo a Abal.

“A decisão segue direção oposta aos esforços de contenção de práticas comerciais anticompetitivas observados em relação à atuação da China no mercado de alumínio e que vêm sendo objeto de preocupação global. Outros países e blocos econômicos, como Estados Unidos, Argentina, México, Índia, Turquia, Rússia e União Europeia também aplicam direitos antidumping e medidas compensatórias contra importações chinesas neste mesmo segmento”, diz a Associação.