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Governo sugere à China restringir exportações

17 de fevereiro de 2012

Medida seria alternativa a salvaguardas contra o país

 

O governo brasileiro pediu ao vice-primeiro ministro chinês Wang Qishan, em visita ao país, a criação de mecanismos de “restrição voluntária” de exportações por parte de empresas chinesas de têxteis, confecções, calçados e eletroeletrônicos. “Nos preocupamos com o aumento maciço e indiscriminado de produtos chineses no mercado brasileiro, o que ocasiona o deslocamento da produção brasileira”, discursou, durante almoço com os chineses, no Palácio do Itamaraty, o vice-presidente Michel Temer.

Coube à presidente Dilma Rousseff, que recebeu Wang Qishan no Palácio do Planalto, dar o tom político à visita. “Somos contra qualquer política de contenção em relação à China”, disse, em referência explícita às tentativas dos Estados Unidos e União Europeia de conter a expansão geopolítica do país asiático. 

O mecanismo de “restrição voluntária” se assemelharia ao adotado no comércio entre Brasil e Argentina, a pedido dos argentinos, que criaram limites “voluntários” para as exportações de sapatos brasileiros ao mercado vizinho. Para as autoridades brasileiras a alternativa em análise é o recurso a salvaguardas gerais, que seriam impostas a produtos escolhidos, independentemente do país de origem da importação. Essa medida evitaria discriminar a China, que considera inaceitável a adoção da salvaguarda contra ela, alternativa imposta durante seu processo de adesão à OMC.

A visita de Wang Qishan incluiu uma reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível (Cosban), a qual é um dos presidentes junto com Temer. Na Comissão, os chineses criticaram duramente
a elevação de IPI para automóveis importados. Ouviram argumentos dos brasileiros em defesa da medida como uma saída temporária para o excesso de importações no setor, a ser eliminada no fim do ano. Em março, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, deve ir à China tratar das questões de comércio bilateral e discutir a proposta de “dimensionamento voluntário” das exportações chinesas.

A reunião da Cosban, realizada após quatro anos de sucessivos adiamentos, foi comemorada por brasileiros e chineses como demonstração de força da “parceira estratégica”. Temer, que cobrou publicamente dos chineses medidas para aumentar o valor agregado das exportações do Brasil à China, elogiou a disposição dos visitantes e anunciou que anteciparão, de 2014 para o ano que vem, a próxima reunião da Cosban.

Fonte: Valor Econômico 14.02.2012

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