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Hydro aposta em geração renovável no Brasil

4 de janeiro de 2021

 

A Hydro, produtora norueguesa de alumínio, pretende se consolidar na geração de energias renováveis nos próximos anos. A companhia está de olho nas oportunidades de negócios que surgiram com o movimento de transição energética para uma economia de baixo carbono. Por isso, elegeu o mercado brasileiro como uma das peças-chaves dentro do seu novo plano estratégico, anunciado este mês pela multinacional europeia.

A empresa atua há cinco anos no mercado de energia elétrica no Brasil, por meio de uma comercializadora. A bola da vez, agora, é entrar também no negócio de geração. Para isso, a Hydro anunciou neste mês dois memorandos de entendimento para desenvolver projetos de energia eólica e solar que somam 1.100 megawatts o de parcerias estratégicas. A companhia espera tomar a decisão de investimento em 2021. Uma das maiores produtoras de alumínio do mundo, a Hydro é a principal acionista da Albras e controla Alunorte.

Em entrevista exclusiva ao Valor, o líder global de renováveis da Hydro, Olivier Girardot, conta que, dentro de uma estratégia de diversificação de negócios, a companhia criou duas novas divisões que traduzem as duas frentes de crescimento que a multinacional pretende explorar nos próximos anos: a área de renováveis e a unidade de baterias – setor que deve ser impulsionado pelo crescimento da frota de carros elétricos, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos.

Com receitas de cerca de US$ 17 bilhões em 2019, a Hydro quer começar, já em 2021, a desenvolver mais de 1 mil MW em projetos de renováveis, com foco no Brasil e países nórdicos num primeiro momento. Girardot destaca que a empresa quer se valer de sua expertise no setor de energia para se reposicionar como um ator relevante no contexto da transição energética.

A norueguesa opera hidrelétricas há mais de cem anos no seu país de origem e, em outubro, deu um importante passo para se consolidar no setor, ao anunciar uma fusão com a conterrânea Lyse.

Após a conclusão do negócio, a Hydro passará a operar 40 usinas que produzirão cerca de 13.000 GWh. Além de hidrelétricas, a empresa também opera um parque eólico na Noruega e espera aproveitar também a experiência na área de comercialização e gestão de energia industrial.

“Queremos ir adiante e olhar para nós mesmos como desenvolvedores de projetos renováveis na Noruega e no Brasil, em particular. Quando se olha para atores significativos [em renováveis], o Brasil certamente está no mapa. Particularmente, para a Hydro, é um país muito importante”, comentou Girardot.

A companhia assinou os memorandos de entendimento no Brasil com algumas empresas. Com as norueguesas Scatec e Equinor, a empresa negocia a construção de uma usina solar de 480 MW no Rio Grande do Norte. A ideia é que as três sócias desenvolvam o projeto em conjunto e que a empresa de alumínio retire para si parte da produção. O segundo memorando foi assinado pela Hydro com o Green Investment Group (GIG), para desenvolvimento conjunto de um projeto combinado de energia eólica e energia solar com 620 MW, no Piauí e em Pernambuco.

Além disso, a companhia detém uma joint venture com a alemã Sowitec para um projeto de geração de energia solar flutuante em larga escala no reservatório da hidrelétrica de Tucuruí (PA), com potencial para 2 GW. A intenção é que a energia gerada seja consumida pela refinaria de alumina Alunorte e pela unidade de alumínio primário da Albras. Girardot afirma que a companhia segue de olho em novas oportunidades no mercado brasileiro.

“Estamos olhando muitos projetos. A parte boa de o Brasil ser um país central em renováveis é que há muitos desenvolvedores, muitos projetos maduros, muitas pessoas olhando PPAs [contratos de energia de longo prazo]”, afirmou o executivo.

A Hydro é uma consumidora eletrointensiva e traçou, como meta, cortar em 30% as suas emissões de CO2 até 2030. A expectativa é que a maior parte dessa redução venha das operações no Brasil. Além de investir em renováveis, a norueguesa tem planos para substituir o óleo combustível da Alunorte por gás natural – opção menos poluente, embora fóssil – e trocar os boilers a carvão por equipamento elétricos na unidade.

Em outubro, a Hydro, Golar Power (Hygo Energy) e a Centrais Elétricas Barcarena (Celba) cancelaram o memorando que haviam assinado para fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) à Alunorte. Na ocasião, as partes não comentaram sobre as razões do desfecho do acordo, rompido em meio às repercussões envolvendo a citação do então presidente da Golar Power, Eduardo Antonello, nas investigações da Operação Lava-Jato.

Girardot afirmou, contudo, que o plano de trocar o óleo pelo gás nas instalações da refinaria está
mantido.

“O fato de termos um alumínio de baixo carbono nos dá uma forte competitividade na Europa”, explicou.

Fonte: Valor Econômico