Workshop alumínio em carrocerias abertas – Associação Brasileira do Alumínio – ABAL
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Workshop alumínio em carrocerias abertas

1 de setembro de 2011

Encontro reuniu especialistas da indústria de transportes e do alumínio

 

A indústria do alumínio vem trabalhando para aumentar sua participação no setor de transportes, principalmente no segmento de implementos rodoviários em que o metal ainda não tem tradição de uso. Para estreitar o relacionamento entre os dois setores, a ABAL realizou no dia 24 de agosto em São Paulo, o workshop “Alumínio em carrocerias abertas”. O encontro reuniu  mais de 100 profissionais, dos quais metade deles representando o setor de transportes.

 

Abrindo o workshop, o presidente da ABAL, Adjarma Azevedo, resgatou a importância histórica do alumínio na substituição de materiais mais pesados e até obsoletos para os dias atuais, como a madeira, e lembrou que em países desenvolvidos ou em forte crescimento, o alumínio tem participação intensiva no transporte rodoviário de cargas: “um material que agrega tecnologia, sem aumentar o peso dos modais; traz segurança e conforto ao usuário e economia para o empresário; além de ser menos emissor de gases poluentes.”

De fato, dados mostrados pelo coordenador do Grupo Setorial de Extrusão da ABAL, Erivam Boff, indicam um crescimento anual de 8,1% até 2018 no uso global de alumínio em transportes. No Brasil, ressaltou Boff, alguns obstáculos ainda precisam ser vencidos para que o alumínio tenha maior penetração, tais como pouca divulgação das vantagens competitivas do metal; falta de informações técnicas sobre o material, ideias equivocadas sobre comportamento estrutural, processos de fabricação e custo do equipamento de alumínio, além de enfrentar a cultura arraigada de outros materiais utilizados há mais tempo.

Mais leve e vantajoso

Diminuir esses obstáculos, aproximando a indústria do alumínio dos fabricantes e usuários de carrocerias abertas é a meta do Grupo de Trabalho Carga Seca da ABAL, coordenado pelo engenheiro metalurgista e PHD Marcelo Gonçalves. Resultados preliminares de pesquisa conduzida pelo GT indicam que 66% dos fabricantes consultados têm interesse em fabricar o equipamento em alumínio. Entre os usuários, o índice fica em 45%.

Segundo a pesquisa, facilidade de fabricação, menor tempo e custos de montagem e diminuição considerável do peso do implemento contaram a favor do alumínio. Por outro lado, o custo do material, a falta de informação e de oferta do produto e as dificuldades de manutenção foram os entraves apontados pelos fabricantes e usuários das carrocerias, para o maior uso de alumínio.

Gonçalves informou que já existem programas de simulação que calculam o retorno financeiro obtido com a utilização do alumínio como matéria prima. “O que é fundamental para convencer aqueles produtores e transportadores mais resistentes à novidade. É importante mudar a cultura vigente e quebrar paradigmas comprovando que o alumínio não só é viável, como também muito mais vantajoso do que as demais alternativas”, observou o engenheiro.

Para o representante do Comitê de Mercado de Transportes da ABAL, Adilson Molero, o alumínio não custa caro. Como o metal tem um terço do peso do aço, a comparação de custo por quilo não pode ser direta. Segundo ele é fundamental fazer análise de custo-benefício, considerando, inclusive, que o alumínio não precisa de pintura ou acabamentos de proteção, equilibrando os custos entre os dois materiais, mas com as vantagens que só o alumínio agrega.

A redução de peso proporcionada pelo uso do alumínio, em substituição ao aço e/ou a madeira, é transformada em maior carga útil. Assim, a receita adicional de frete deve pagar rapidamente o eventual investimento adicional. Além disso, o custo operacional (combustível, lubrificantes, pneus e outros itens de consumo) também poderá ser diminuído, uma vez que haverá ocasiões em que o veículo trafegará vazio. “Em alguns casos, a maior capacidade de carga do implemento poderá propiciar a diminuição da frota necessária para a realização de determinado trabalho, tornando a viabilidade financeira ainda mais óbvia”, explica Molero. Sobre a resistência estrutural, brincou: “quando falam em alumínio, as pessoas se lembram das panelas, mas se esquecem dos Boeings”.

Em seguida, Rafael Wolf Campos presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR), focou sua apresentação na importância de expor aos fabricantes o tempo de retorno de investimento, para aumentar o uso de alumínio na produção de implementos. Para mostrar o potencial do segmento de carrocerias cargas secas sobre chassis, Campos apresentou os seguintes dados: em 2010 foram emplacadas 37,2 mil desses implementos, um aumento de 40% sobre 2009.

Desafios e oportunidades

O coordenador-técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística) discorreu sobre os problemas enfrentados pelo transporte rodoviário – modal responsável por cerca de 60% da carga transportada no país, entre eles: ausências de regulamentações e fiscalizações, excesso de peso e acidentes, frotas antigas e pouco econômicas que rodam sobre apenas 13% de rodovias pavimentadas, das quais 59% não estão em bom estado. “Se todas as rodovias estivessem em boas condições, o custo com o transporte rodoviário seria 32% menor”, informou Neuto.

Para melhorar essa situação, que coloca o Brasil na lanterna entre os países do G-20, em termos de infraestrutura rodoviária, o governo esta destinando R$ 50 bilhões do PAC 1 e 2 para obras rodoviárias. O que é insuficiente, segundo o IPEA, que estima ser necessário um montante de R$ 183,5 bilhões.

Encerrando o encontro, um painel conduzido pelo coordenador do Comitê de Mercado de Transportes da ABAL, Ayrton Filleti, reunindo representantes dos setores de transportes e do alumínio, discutiu os desafios do setor de logística e a participação do alumínio no segmento de implementos rodoviários.

Para Alcides Braga, presidente da Truckvan – fabricante de implementos que utiliza intensivamente o alumínio – “a indústria do alumínio precisaria acompanhar mais o mercado de transporte, investir em customização, nos visitar, identificar oportunidades e propor soluções, mostrar onde estamos errando, onde poderíamos substituir determinado material e assim melhorarmos nosso desempenho.”

Compartilhando da mesma opinião, Celestino Cremasco Filho, diretor da Cremasco Implementos Rodoviários, salientou a dificuldade de lançar projetos com alumínio. “Falta alguém que conheça a área de transportes na indústria do alumínio para facilitar a engenharia das peças e para passar mais conhecimento”. Rafael Wolf Campos, da Anfir, também citou as dificuldades para se fazer a manutenção dos implementos de alumínio: algo bem sucedido no Sul e Sudeste, mas ainda uma dificuldade nas demais regiões do país.

Mesmo com tantos desafios, André Pinho, gerente comercial da Rodorei, acredita que o mercado vai partir para o uso intensivo do alumínio, “a madeira está com a qualidade cada vez pior, o preço cada vez maior e o descarte é complicado e custoso; o aço, não tem a leveza, a durabilidade e o elevado valor residual do alumínio”.

A transportadora substituiu as tampas laterais e traseiras (guardas) de madeira por alumínio, em caminhões abertos carga seca, e revelou os benefícios: redução do impacto ambiental; garantia da matéria-prima dentro da especificação necessária (madeira certificada não garante qualidade); valor residual do bem potencialmente melhor; redução do peso (mais de 370 kg) e custo equivalente ao da madeira (utilizando cerca de 110 kg de alumínio). “Os primeiros passos já foram dados, já estamos mostrando a realidade além do projeto”, afirma Pinho, que pretende ampliar o uso do alumínio em seus caminhões nos fueiros, malhal, longarinas e na base do assoalho, o que reduzirá o peso total do implemento em 800 kg.

“O alumínio é muito forte e importante no nosso segmento, esperamos que a indústria, consiga cada vez mais desempenhar esse papel de influenciar e explorar seu real valor”, concluiu Braga, da Truckvan. Mensagem que, segundo o presidente da ABAL, Adjarma Azevedo, foi bem absorvida pela indústria e que merecerá a devida atenção da entidade, a fim de trazer respostas mais rápidas para os fabricantes e usuários de implementos rodoviários.

Acesse a coletânea das apresentações do workshop, clique aqui.

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